… (numa) fragilidade constantemente ameaçada, afirmamo-nos, desesperadamente, como se fossemos a fonte e a origem de nós mesmos e do universo. Cada um quer ser “si próprio”, num sentido único, cada um quer ser o senhor do seu destino, cada um quer ser insubstituível. Regressamos sempre a nós mesmos, à nossa história, à nossa justificação, às nossas pretensões, às nossas comparações com os outros, em seu desfavor, bem entendido. E isto para nos criarmos um pedestal. Está aí o mal radical que corrompe em nós tudo o que é possível no plano espiritual: esta possessão de nós mesmos por nós mesmos que nos atira para um eu ilusório, doente, totalmente dependente e que não existe senão estando contra, por um orgulho que defende as suas posições. (Alphonse Goettman, padre ortodoxo, Carta para a Quaresma 2012)
Sabiamente, a liturgia da Quaresma vai lembrando ao longo destes quarenta dias que diante de cada pessoa se apresentam dois caminhos: o da Vida e Felicidade e o da Morte e Infelicidade. A escolha é connosco, mas a nossa própria liberdade pode estar enferma e viciada por preconceitos, ideias feitas, hábitos arreigados e por isso precisa de revisão.
Escolher acertadamente requer que paremos para escutar as pulsões que nos habitam e para discernir os caminhos das nossas boas e más opções.
O Papa Bento XVI na sua mensagem para esta quaresma enfatizou como foco de conversão: Prestar atenção: a responsabilidade pelo irmão. Uma proposta da maior oportunidade e alcance num tempo propício ao individualismo exacerbado e mortífero.
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