Não só a classe docente, mas também pais e outros cidadãos mais atentos à importância do conhecimento científico, enquanto componente fundamental do ensino curricular e factor de capacitação dos jovens para a sua entrada futura em níveis de formação superior e melhor integração numa economia cada vez mais baseada no conhecimento, todos assistiram estupefactos ao anúncio feito pelos competentes serviços do Ministério da Educação de que a formação de novos docentes para o ensino secundário passaria a ser feita nas Escolas Superiores de Educação (ESEs).
Neste post, não estão em causa quaisquer critérios de apreciação da qualidade das ESEs mas tão só o cunho generalista que as caracteriza e que manifestamente não poderá assegurar o conhecimento e o rigor científico requeridos para leccionar as diferentes disciplinas que integram os programas do curriculum do ensino secundário, como se tem por indispensável.
A vingar a orientação agora dada a conhecer, tal significaria um retrocesso inqualificável na. qualidade do ensino em Portugal e viria a prejudicar gravemente o nível de preparação dos futuros candidatos ao ensino superior.
Em outros contextos, uma solução similar foi ensaiada e rapidamente posta de lado, porque logo se percebeu que não servia. Foi o caso da RFA com a. Pädagogische Hochschule. É de lamentar que os nossos técnicos de educação, que certamente participam com regularidade em reuniões das múltiplas instâncias do espaço europeu, e não só, nas quais estes problemas são debatidos, pouco parecem aprender com as boas práticas dos parceiros e as suas lições da experiência.
Não se invoquem razões economicistas em defesa da solução agora proposta, pois nada justifica que, por eventuais critérios de redução de despesa, se subestime a importância da qualidade da educação das novas gerações. De há muito se sabe que o gasto em educação não é despesa mas sim investimento.
A sociedade civil não pode passar ao lado desta questão e deixar de se empenhar, por todos os meios, em impedir que se concretize mais este atropelo ao sistema educativo do nosso País. Vem a propósito lembrar um famoso relatório que convocava a cidadania para uma mobilização em torno da educação como um tesouro a preservar.
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