03 fevereiro 2012

Vivei sempre alegres (I Ts 5, 16)

O que quereria Paulo recomendar aos cristãos de Tessalónica no ano I da nossa era, tempo de perseguição e dominação estrangeira?

Certamente não seria sua intenção apontar-lhes como ideal de vida que fechassem os olhos ao que há de mal no mundo, ignorando-o, e insinuar que se refugiassem no seu pequeno espaço protegido; nem tão pouco queria o Apóstolo exaltar a insensibilidade face ao sofrimento alheio, como se o outro não fosse parte de mim; nem, muito menos, pretendia que os seus discípulos praticassem estratagemas de disfarce, exibindo contentamento em situações objectivas de real tristeza, como às vezes vemos ser defendido por algumas  pretensas espiritualidades…

Então, que mensagem, queria o Apóstolo transmitir?

Talvez estas ideias força de que nos fala José Augusto Mourão no seu escrito intitulado Alegria (in)condicional (in Quem Vigia o Vento não Semeia, p.131):

Toda a força de existir atrai o corpo para a completude, o contágio, a alegria. Sem a jubilatio de existir, a vida seria invariavelmente invernal e frustre. O ser humano não quer apenas viver, quer viver feliz, e quando o não consegue quer viver de outra maneira, ou deixar de viver.

Que o grito de alegria seja um grito de guerra contra todas as superstições que nos querem agrilhoados à tristeza.

A verdadeira vida faz-se a caminho da Terra da alegria.

O reconhecimento profundo de que somos seres em construção, pessoalmente e colectivamente, leva-nos a viver da e na alegria dessa construção e impulsiona-nos a deixar essa marca nos espaços em que habitamos. 

A alegria e a esperança caminham a par e são, em si mesmas energia geradora de mais Vida.


1 comentário:

  1. A alegria incondicional que José A. Mourão refere e que S. Paulo pregou incessantemente tem a ver com o acreditar no absoluto de Deus.
    Viver este absoluto é ter Fé, é acolher esta Graça no mais fundo nós mesmos.

    Mas também, é entrar no movimento de nos acolhermos como dom de vida e deixarmo-nos interpelar pela vida dos outros que são apelo a mais Vida, porque são a alter idade do nosso “eu”.

    É verdade que vivemos, hoje, tempos angustiantes, mas a Alegria dos cristãos não nasce da nossa participação no Mistério Pascal?

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