Os nossos sonhos são as nossas armas!
(...)
Quando se está perante um grito humano tão primordial, como este que nos foi dado ouvir, não há lugar para acentuar quaisquer diferenciações de posição de religião ou de modelo civilizacional. É a nossa comum Humanidade que está em causa e se reconhece comprometida com o presente e, sobretudo, com a construção de um futuro comum mais humano. É a nossa consciência individual que é interpelada e é perante ela que temos de responder, com pensamento e acção.
Nos próximos tempos, este grito dos oprimidos vai, certamente, continuar a ouvir-se no Magreb e no Médio oriente, mas também, por certo, irá ter réplica entre os oprimidos de outras regiões do Globo, talvez perto das nossas próprias ruas, bairros e cidades e sempre que a injustiça e as desigualdades se avolumem e se esgote o capital de confiança nos poderes instituídos e nas estruturas que lhes dão suporte.
Que ouvidos se abrirão para escutar o grito dos pobres e oprimidos?
Que vontades se mobilizarão para o atender?
Que rumos seguirá esta revolta germinal e quais as suas consequências para a nossa Humanidade?
Como poderemos alimentar a esperança de que seja cada vez mais verdadeiro um dos slogans cantados na Praça de Tahrir Os nossos sonhos são as nossas armas; e não aconteça que as armas esmaguem os sonhos.
Creio que a resposta a tais interrogações implica uma árdua aprendizagem do entendimento fundo e da prática responsável da palavra nós. Pára de dizer a palavra eu, dizia uma canção em Tahrir. Não é demais lembrá-lo todos os dias.
[ Texto integral ]
Imagem: Egipt - Cairo Crisis - Nasser Nouri. Xinhua Press. 05.02.2011
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