06 janeiro 2009

A cintilante caligrafia das constelações

Transcrevo o pequeno texto poético enviado ontem por uma amiga e que poderá inspirar o dia de quem nos visite. É que "sem a cintilante caligrafia das constelações" afundamo-nos no labirinto das crises e na cinzentura do quotidiano, quando podemos ser barcos em viagem para horizontes novos e lugar de germinação da palavra por dizer.

O mundo não é o mundo sem a cintilante caligrafia das constelações
Essa plácida dimensão do longínquo é o grande leque da nossa respiração liberta
À cinzenta ou solar monotonia diurna contrapõe-se o ouro trémulo da melodia dos astros
Vemos o universo como um grande veleiro sobre o veludo escuro do firmamento
Poderemos nós também ser os barcos silenciosos que navegam ao ritmo redondo das estrelas?
O corpo dilata-se como um harmónio perante a amplitude do espaço infinito
e sente a sua vocação universal crescer como um trigo do mundo
Entre as águas plácidas do sono e o remoto movimento das constelações
há a sintonia de um silêncio e a incessante germinação de uma palavra inaudível
que é a origem de todas as palavras que buscam a rosácea da harmonia de um horizonte novo.
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António Ramos Rosa, Génese seguido de Constelações, Roma Editora, 2005

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