01 outubro 2008

Felizes os mansos de coração
porque possuirão a terra!

Mt 5, 5

(...)
Há múltiplas razões objectivas para que as pessoas se sintam sob stress permanente e duradouro.

Destaco, em particular, a excessiva absorção de tempo e energia que o trabalho profissional vem impondo, inclusive com horários que não deixam tempo bastante para outras dimensões e responsabilidades do ser humano, obrigando-o a subestimá-las contra vontade e, muitas vezes, ao arrepio da própria consciência. É sabido que as relações humanas precisam de tempo para se manterem e aprofundarem. Ora, o ser humano não pode, sem se diminuir e atrofiar, prescindir desta sua dimensão relacional.

Há, porém, outro verme que vem corroendo a qualidade do humano. Refiro-me à ambição desmesurada que se vem inculcando na mente colectiva, em especial nas novas gerações. Desde os jogos electrónicos infantis, à pressão do sucesso escolar na mais tenra idade, aos prémios de produtividade e dos progressos nas carreiras profissionais, tudo converge no sentido de inscrever a pessoa numa lógica de funcionamento semelhante a um concurso permanente de corrida para superação de metas que outros fixaram, por nossa conta.

O mesmo se passa por efeito de um marketing cada vez mais subtil, mas não menos agressivo, em relação ao consumo de bens materiais, de lazer ou de cultura. Sempre mais! Sempre novo! Sempre mais eficiente!

Pergunto a mim própria: como romper este verdadeiro círculo de ferro destruidor das pessoas e gerador de tensões colectivas que, a seu tempo, não deixarão de explodir em manifestações de violência? (...)
[Texto integral]
Imagem: Little Girl Hugging Pet Rabbit - Larry Williams, 2007

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