06 março 2018

Interrogar-se sobre si próprio

O homem é o ser que se interroga sobre si próprio, perguntando: “Quem é o homem?” - Luciano Manicardi
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David - Miguel Ângelo.1504
Começo este escrito com uma extensa citação extraída da introdução de um livro de Luciano Manicardi, recentemente editado em português e intitulado Memória do limite. A condição humana na sociedade pós-mortal (Paulinas, 2017).
O autor, monge e prior do Mosteiro de Bose, reconhece a imperiosa necessidade de nos interrogarmos sobre questões nucleadoras do nosso modo de estar e de viver, questões que ganham hoje particular acuidade no nosso mundo ocidental em que a ciência e a tecnologia parecem abrir caminho a uma sociedade pós-mortal e onde, pretensamente, se esquece a condição criatural dos humanos.
Eis a citação:
O que é o humano? O que nos torna humanos? O que é um corpo humano? Como viver e como morrer “humanamente”? Estas perguntas ressoam com uma força particular num tempo que, pelo menos no Ocidente rico e tecnologicamente avançado, conhece a implementação de um verdadeiro arsenal de tecnologias biomédicas aplicado ao corpo humano que tem vindo a modificar radicalmente a sexualidade e a procriação, o nascimento, o envelhecimento e a morte do homem. São perguntas que podemos temer porque revelam um futuro desconhecido e que nos pode assustar. Todavia, ao mesmo tempo que declaram aberta aquela fase cultural que alguns colocam sob o signo do pós-humano, estas interrogações fazem-se apenas eco da antiga afirmação platónica segundo a qual uma vida que não se interrogue nem busque não é digna de ser vivida. O homem é o ser que se interroga sobre si próprio, perguntando: “Quem é o homem?”.
A resposta que possamos encontrar para estas interrogações marcará, decisivamente, o modo como conduzimos as nossas vidas … (...)

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