O que faz andar a estrada?
É o sonho.
Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva.
É para isso que servem os caminhos,
para nos fazerem parentes do futuro.
Mia Couto,
in Terra Sonâmbula
Cada ser humano traz em si o desejo de ver mais longe e mais largo, de
ultrapassar as fronteiras do seu pequeno território, de espreitar o que
poderá esconder-se para lá do seu pequeno mundo. Um tal desejo contém a
energia que gera movimento, evolução, dinamismos vários, e faz, do ser
humano, um caminhante, um homo viator.
Na Missa que celebrou com os cardeais depois do conclave, que o elegera
como bispo de Roma e sucessor de Pedro, o novo Papa Francisco escolheu
para a homilia, que então proferiu, três palavras: Caminhar, Edificar,
Confessar.
Child running through forest. © Johnér Images /Corbis (RF) |
(...)
Limitarei a minha reflexão apenas a este convite: Caminhar!
Cada pessoa individualmente, mas também a Humanidade no seu todo, nesta
particular etapa do seu devir, face à mudança em curso e à perplexidade
do que possa suceder no futuro, precisa de escutar este apelo e procurar
que o mesmo lhe seja audível nas suas múltiplas implicações.
Pôr-se a caminho é, em primeiro lugar, começar por aceitar
desinstalar-se das suas falsas seguranças, despertar do sonambulismo dos
dias cinzentos e das rotinas asfixiantes de alguns quotidianos,
libertar-se da mecanização e automatização das atitudes e gestos sem
sentido, mas que impedem a ousadia e a criatividade, sacudir a paralisia
do medo do futuro e do passo seguinte, soltar-se das amarras das pseudo
inevitabilidades…
(...)
(...)
[ Texto Integral ]
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