15 março 2012

Por fim Jacob e Esaú Abraçam-se
Génesis, capítulo 33

O narrador retoma o fio da narrativa precisamente onde a tinha deixado antes da travessia de Jaboc. Recordamos que Jacob queria encontrar-se com o irmão para se reconciliar com ele mas tinha medo dele, especialmente por saber que estava a chegar com 400 homens.


vv. 1-2 Então distribuiu os filhos entre Lia, Raquel e as duas escravas... Astutamente Jacob coloca as pessoas que lhe são mais caras em fila, de forma a melhor as proteger.


v. 3 Ele passou-lhe à frente e prostrou-se por terra sete vezes… Jacob permanece fiel ao seu desejo de se mostrar “servo” do irmão que considera superior a si. Esta humildade, percebida como autêntica pelo irmão, desbloqueia a situação. O autor parece querer dizer que:


Sem humildade não pode haver reconciliação.


v. 4 Esaú correu-lhe ao encontro, abraçou-o, deitou-se-lhe ao pescoço, beijou-o e choraram.Permanece-se maravilhado perante esta miraculosa reconciliação expressa deste modo tão enfático. Nem Lucas na parábola do pai misericordioso emprega tantos verbos (Lc 15,20). Tudo aparece perdoado. Esaú não mais recorda o roubo da primogenitura e a sua raiva tornou-o num irmão afectuosíssimo. Com isto percebe-se que a história da salvação é uma história de “maravilhas” inesperadas, criadas por Deus através da disponibilidade de alguns “chamados”. 


(...)


vv. 6-7 Então aproximaram-se as escravas… e  prostraram-se… Na mesma linha de  Jacob todos os membros da família se mostraram deferentes, comportando-se como se estivessem diante de alguém que sentem ser superior a si.

vv. 8-9 O que é esta caravana toda?... Esaú pede uma explicação sobre a caravana encontrada atrás, que Jacob lhe tinha enviado como presente.  Inicia-se um despique entre os dois irmãos, um oferecendo os seus presentes e o outro que não os quer aceitar, porque não se sente necessitado deles.

v. 10 Mas Jacob disse: “Não, peço-te… aceita… o meu presente porque por isto pude ver o teu rosto como se visse o rosto de Deus… Para o autor, a reconciliação é vista como uma  teofania,  tudo é colocado numa nova ordem e para o narrador:


Numa reconciliação entre irmãos, 
o irmão ofendido que perdoa reflecte o rosto de Deus.

Será o que acontecerá na morte de Jesus na cruz (Lc 23,34). v.11 Aceita então a minha bênção … e insistiu tanto que ele aceitou. Jacob agora oferece um presente abundante que chama “bênção” e insiste para que seja aceite, ele próprio que tinha roubado a bênção do pai. A insistência para que Esaú aceite  o presente justifica-se como ratificação da reconciliação acontecida.


 Nicoletta Crosti,
Por fim Jacob e Esaú Abraçam-se
Génesis, capítulo 33

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