01 setembro 2011

Está na hora de inventar o futuro
- A bondade abre caminhos para ultrapassar a crise

Bienheureux les fêlés car ils laisseront passer la lumière.
(Michel Audiard, citado por Elena Lasida)
Uma visão sem acção é apenas um passatempo. Uma visão com acção pode transformar o mundo.
(Joel Barker)

(...)
A crise em que mergulhamos tem múltiplas causas - financeiras, económicas, ambientais, políticas, demográficas – mas, subjacentes a estas múltiplas vertentes da situação crítica em que nos encontramos, estão, por certo, razões de ordem ética, em especial o esquecimento e a subestima da bondade como a virtude do bom relacionamento com o outro, a par do respeito, da justiça e da confiança.

Sem estes princípios, convertidos em atitudes e comportamentos individuais e concretizados em instituições que os reflictam em espelho e activamente os promovam, tanto a economia como a organização das sociedades perdem os alicerces de um são e justo relacionamento entre as pessoas, as comunidades e os povos. (...)

Os recentes acontecimentos de extrema violência urbana, ocorridos num dos Países economicamente mais desenvolvidos do mundo, também caracterizado por uma longa tradição de civilidade democrática, vêm pôr a nu o défice de valores morais com que vem crescendo uma certa geração, que não encontra lugar nos respectivos territórios, nem conhece laços fortes de pertença à comunidade, jovens para quem a destruição dos bens alheios ou as ofensas corporais a terceiros são tidas como mera afirmação de opções e seus direitos individuais. (...)


Estes acontecimentos juntamente com outros sinais de crise e de implosão social a que assistimos vêm mostrar que está na hora de inventar o futuro. A bondade abre caminhos para ultrapassar a crise.
Imagem: London riots . 2011

2 comentários:

  1. "A crise.. tem múltiplas causas" inclusive:"o esquecimento e a subestima da bondade como a virtude do bom relacionamento com o outro, a par do respeito, da justiça e da confiança" - I think the commentary raises indeed a core challenge which, as Saramago puts it, we should all take responsibility to address, starting from ourselves.

    However, it is also important to reflect on the link between such crisis and what EF Schumacher called: the 'institutionalisation of individualism and non-responsibility', by the market and capitalism as we have come to know it. Responsibility is essentially a relational virtue, which sits uncomfortably side-by-side with individualism.

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  2. Obrigada pelo seu comentário e em particular pelo relacionamento que faz com o texto de Schumacher ainda há pouco recordado numa interessante conferência na Fundação Gulbenkian.

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