Num artigo recente, o economista e escritor Jeremy Rifkin vem chamar a atenção para a necessidade de caminharmos para uma “civilização empática”, afim de se ultrapassar a crise sistémica por que passam as economias e as sociedades contemporâneas.
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Ao longo dos tempos, sempre surgiram exemplos que contrariam a concepção da racionalidade egoísta subjacente ao comportamento humano. São mulheres e homens com elevado grau de empatia com outros seres humanos e com os demais seres, pessoas que, nas suas vidas, conferem prioridade ao bem do próximo ou às causas comuns. Falamos, então, de altruísmo, de generosidade, de amor ao próximo.
Por detrás deste comportamento não-egoísta, está uma capacidade de “empatia”, uma capacidade de deixar reflectir em si mesmo o outro, de modo a tomar como seu o bem alheio, seja o de um sujeito ou grupo determinado, seja também o bem de um todo mais vasto, o Mundo em que vive, o planeta Terra em que habita.
A neurociência vem confirmar esta capacidade humana de empatia, identificando os genes que revelam essa característica.
Alguns cientistas sociais, por seu turno, demonstram que, reduzindo o egoísmo e ampliando a empatia, se criam condições para melhor convivência humana e progresso social.
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As crises, na medida em que revelam disfuncionamentos e rupturas nos processos sócio-económicos, abrem caminho à emergência de novas realidades. É o que sucede com a transição em curso para uma nova era civilizacional assente num modo de produção baseado em novas tecnologias, energia renovável e informação, em contexto de globalização crescente.
Para ter êxito, esta transição pressupõe, porém, que se mude de paradigma filosófico e que a concepção egoísta do ser humano dê lugar ao desenvolvimento da sua capacidade de empatia.
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Deixo a interrogação: Que caminhos nos hão-de conduzir a uma desejável, necessária e urgente “civilização empática”?
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