(...) A crise, que temos vindo a conhecer desde o último ano, vem de longe, mas assume, no presente, contornos explosivos e perturbadores: pela sua dimensão global; o numeroso cortejo dos que vão ficando sem emprego, sem salário e sem perspectivas de inserção social; os que perdem as suas casas por incumprimento das respectivas prestações; a volatilidade do valor do dinheiro; a turbulência por que passam a economia, os processos produtivos e as relações económicas; o desgoverno do sistema financeiro mundial; ou a falta de responsabilização social das empresas, mormente por parte dos grandes impérios das transnacionais.
A presente crise tem carácter estrutural e sistémico e nela se confundem e interagem a dimensão económica e financeira com o carácter civilizacional, antropológico, cultural e axiológico. Por isso, ela é tão perturbadora, grave e imprevisível nas suas últimas consequências… Mas também, e por isso mesmo, tão desafiante quanto a um futuro melhor que, a partir das suas raízes, podemos construir. (...)
O que logo me encantou, ao abrir este escrito do mês, foi a figura: a mulher que rega o ponto de interrogação.Interrogar-se e interrogar alimenta as "raízes do futuro": é o perscrutar as "causas geradoras da crise" para "conduzir a novas e mais aperfeiçoadas soluções..."; mas também alimentamos as raízes se, "prestando atenção ao que está a acontecer", dermos a conhecer iniciativas que já sejam raízes dum futuro por constituirem divergência do passado que nos conduziu (ou que nós também conduzimos...)a esta crise. Almada, 02/03/09
ResponderEliminarCláudio Teixeira
We may say that times of crisis are always times of « test » when men and women are called to give the best of themselves, in solidarity, in courage, in holding out, preventing negative drifts due to shortage of goods.
ResponderEliminarLent time should be considered a time of crisis/test, of discovering again what is essential to live as children of God and to shape new roots for a new world.
Registo com muita satisfação estes dois comentários.
ResponderEliminarO Cláudio Teixeira foi sensível á imagem da mulher que rega o ponto de interrogação e com esse gesto o mantém vivo e fecundo, mas sempre suspenso da novidade. Aproveito a agradecer à webmaster, Maria do Céu Tostão o mérito desta inspiração e como ela cola bem com o sentido do texto: Interrogarmo-nos mais para melhor discernirmos o que convem, é justo e bom e, assim, nos dispormos à mudança.
De test ao nosso desejo de mudança fala a Nicoletta Crosti como de atitude própria da quaresma, um tempo litúrgico que prepara a Páscoa.
De ambos os comentários, que muito agradeço, vem o reforço de uma ideia matriz deste escrito de Março: viver a crise com esperança, conhecer os seus contornos e neles identificar os desafios das raízes do futuro, para construir um mundo mais humano e sustentável.
Manuela Silva
Aliar uma visão técnica sólida a um olhar humanista e espiritual, num texto que nos remete para as raízes, para nos desafiar e responsabilizar na mudança urgente que se impõe deste mundo, é uma mensagem clara e objectiva que eu partilho ou acato.
ResponderEliminarÉ nos despertares de cada um, para a verdadeira razão que causa o mal a muitos outros iguais a nós, que me parece estar o começo do trabalho. Mas é necessário ir mais longe. Não se pode ficar nem tão pouco pela indignação. É necessário agir, ordenadamente, porque somos todos co-responsáveis (activa ou passivamente) pelas assimetrias desta incontrolável sociedade global - orgulho de tantos políticos, economistas, homens de negócio e outros tantos que se deliciavam como provincianos consumir a informação da moda sobre a globalização. Mas como qualquer empreendimento é necessário um plano.
Necessitamos de líderes, como a Dra. Manuela Silva, que nos ajudem a encontrar uma metodologia eficaz de mudança com efeito na estrutura da sociedade.
E urgente repensar o mundo. Com o mesmo carinho “da mulher que cuida das flores”...