16 outubro 2007

Um imperativo ético

Amanhã, dia 17 de Outubro, milhões de vozes se erguerão em todo o mundo para dar voz a quem não a tem e continua a ser vítima de pobreza extrema. Por toda a parte se multiplicam gestos que mostram que é chegada a hora de reconhecer que a pobreza é uma violação dos direitos humanos universalmente consagrados e como tal a sua erradicação deve ser urgentemente assumida pelos governos nacionais e organismos internacionais, criando mecanismos que previnam as suas causas e monitorizem estratégias e politicas adequadas.

Dados oficiais ontem divulgados mostram que em Portugal existem cerca de 2 milhões de pobres e seriam ainda mais se não fossem as transferências sociais (reformas, subsídios, rendimento mínimo) que alguns, por ignorância, miopia ou insensibilidade social e política, querem reduzir e minimizar.

Portugal tem recursos materiais, de conhecimento e organização que permitiriam pôr termo á pobreza, se para tal fossem orientados e se os frutos do crescimento económico fossem melhor repartidos.

Erradicar a pobreza em Portugal é, assim, um imperativo ético que a todos deve mobilizar.

Amanhã, a Comissão Nacional Justiça e Paz entregará ao Presidente da Assembleia da República as mais de 20 mil assinaturas a favor do reconhecimento da pobreza como violação de direitos humanos e em favor da criação de mecanismos que promovam a sua erradicação.

Não é utopia pretender que a pobreza monetária que hoje conhecemos seja, em breve, uma coisa do passado.

A presença entre nós do navio "Amistad" lembrando a abolição da escravatura é um ícone de que o mesmo pode suceder com a erradicação da pobreza.

O mundo levanta-se, hoje, em nome desta causa. É um sinal de esperança de tempos novos de maior justiça e fraternidade.

E nós, de que lado estamos?

1 comentário:

  1. De que lado estamos?

    1.
    A realidade quotidiana da pobreza é de tal modo avassaladora, que sempre nos devolve a pequenez do esforço que fazemos.

    2.
    Surgem sempre oportunidades que nos permitem estar com aqueles de quem nos fazemos próximos. Há mesmo quem transforme esse estar com numa opção de vida e faça da sua vida um projecto contínuo de promoção da Justiça.
    E que mais se pode pedir a quem já está dando a vida?

    3.
    A Esperança de que algo mude, embora muito devagar, é o alicerce que nos permite não desistir.

    4.
    E não devia dizer isto, mas...
    Perante a indiferença, ou a impotência há uma pontinha de "raiva" que manterá de pé a utopia :)!

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