"Senhor, o teu ver é amar e assim como o teu olhar me contempla tão atentamente que jamais se desvia de mim, assim é também o teu amor. E porque o teu amor está sempre comigo, não sendo o teu amor diferente de ti próprio, que me amas, por isso tu, Senhor, estás sempre comigo. Tu não me abandonas, Senhor. De todos os lados me proteges, porque cuidas de mim com a máxima diligência. O teu ser, Senhor, não abandona o meu ser. Eu sou na medida em que tu és comigo. E porque o teu ver é o teu ser, assim eu sou porque tu me olhas. E se retiras de mim os teus olhos, de modo nenhum subsistirei. Mas sei que o teu olhar é a bondade máxima que não pode deixar de se comunicar a tudo o que a pode receber."
Escolhi este excerto do livro de Nicolau de Cusa "A visão de Deus" (ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 1998) para lembrar que existe um tesouro escondido neste famoso teólogo e místico da primeira metade do século xv.
Manuela
Obrigada pela escolha tão assertiva!
ResponderEliminarNicolau de Cusa foi uma (re)descoberta que fiz em Betânia recentemente.
Aprecio especialmente este pedacinho:
"Tu não me abandonas, Senhor. De todos os lados me proteges, porque cuidas de mim com a máxima diligência."
Presentes destes são um bálsamo para o quotidiano. Às vezes é tudo tão difícil e doloroso que só tenho um pressentimento ténue e intangível da presença de Deus revelada num olhar atento, ou num gesto de cuidado, ou na gratuidade de um momento...
Assim me surpreende a Sua Bondade, que me impele a estar atenta e a deixar-me encantar para ver novas todas as criaturas e todas as coisas, todos os dias.
Há dias de verde. Há dias de amarelo. Há dias negros. São os que mais precisam da Esperança que se anuncia nestas palavras que escolheste.