Actualmente, fruto das alterações que vem sofrendo o conceito de casal e, sobretudo, por causa dos ritmos de vida a que estamos sujeitos está a preferir-se a associação da festa de Ana e Joaquim ao "dia dos avós".
Um olhar atento à rua, aos parques e jardins, às portas das escolas e até urgências de hospitais mostra que são cada vez mais os avós que acompanham as crianças.
S. Joaquim e Santa Ana [icone] |
Nada teria a obstar a este modo de estreitar relações familiares e reforçar laços afectivos se este fenómeno derivasse apenas da vontade dos netos e dos avós. Infelizmente há outras razões que também propiciam estes comportamentos e, por isso, não podemos ignorar que muitos pais, que ainda têm emprego, estão sujeitos a ritmos e horários tão violentos que a sorte das crianças é poder contar com o apoio dos avós.
Há ainda outra constatação que gostaria de realçar: cresce o número de famílias monoparentais em que as crianças ficam entregue sobretudo à mãe. Nestas situações o apoio dos avós torna-se imprescindível.
Mutatis mutandis, podemos imaginar que, há mais de 2000 anos, Ana e Joaquim também tiveram um papel especial na educação de Jesus? Talvez. Contudo, Maria e José tinham um ritmo de vida mais adequado ao cuidado familiar e à educação de uma criança e naturalmente integrado na cultura do seu tempo.
Podemos imaginar que celebrar, neste dia, a festa dos avós seja apenas um traço de consumismo? Talvez não. Será antes mais um sinal da complexidade do nosso tempo eficaz, veloz e feroz...
É, certamente, muito oportuno aproveitar a festa litúrgica de São Joaquim e Santa Ana para lembrar os avós e o papel que, discretamente, estão a desempenhar numa sociedade que se organiza, cada vez mais, em função da actividade económica e seus requesitos de competitividade desenfreada, de que é expoente o stress a que são sujeitas as pessoas no activo, privando-as de tempo pessoal e relacional, incluindo o cuidado com a própria família.
ResponderEliminarNum dos seus discursos nas JMJ o Papa denunciou, justamente, que mal vai uma sociedade que tende a descartar e a descuidar dos não produtivos, em especial as crianças e os idosos.