01 outubro 2017

A solidão é uma epidemia social do nosso tempo

Há uma epidemia social de solidão que mata mais do que o tabaco e a obesidade. - George Monbiot.
Se às vezes encontrardes alguém que não vos dá o esperado sorriso, sede generosos e dai o vosso, porque ninguém tem tanta necessidade de sorriso como aquele que não sabe dá-lo aos outros.- Cardeal Newman
As Asas do Desejo-Wim Wenders.1987
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Estudos recentes vêm mostrando que o individualismo e o neoliberalismo, que vêm informando a sociedade e a economia contemporâneas, têm consequências particularmente nefastas, designadamente no domínio da saúde mental e da anomia social.
O crescimento das dependências (álcool, substâncias várias, bolimia e demais desordens alimentares, etc.), a que assistimos com justificada preocupação, está associado à perda de vínculos afectivos fortes. O mesmo se pode dizer de fenómenos sociais doentios, como sejam: a crescente incidência das depressões, a ansiedade face ao futuro, as fobias sociais e, de modo mais geral, uma certa insatisfação colectiva que, absurdamente, cresce à medida que avança o progresso material e as pessoas conhecem aumento do seu nível de consumo. George Monbiot, entre outros autores, chama a nossa atenção para a gravidade de uma epidemia social de solidão e para as suas consequências. Corremos o risco de nos esquecer que os seres humanos são seres relacionais e que o seu bem-estar (realização, felicidade) está intrinsecamente ligado à vida dos outros, à troca de afectos, ao reconhecimento, ao dom.
(...)
As recentes calamidades, por algum breve tempo, servem de alerta de que os seres humanos ainda possuem reservas de compaixão e de solidariedade para com o seu semelhante. Mas, decorridos os dias da crise, a envolvente da cultura dominante e as rotinas dos quotidianos, eivadas de preocupações de índole material, deixam que sobressaia, de novo, o individualismo e o hedonismo de que, por sua vez, se alimentam a economia e a máquina do tempo da cultura contemporânea. E, assim, se propaga a epidemia social da solidão que mata.
Estas são perplexidades que merecem a nossa melhor reflexão e o nosso maior cuidado e que não devemos delegar em mentes e opções alheias.
Que podemos fazer?  (...)

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