01 setembro 2017

Quem quer a verdade tem de entrar na água

Há uma tendência muito perigosa de aceitar tudo o que se diz, tudo o que se lê, de aceitar sem colocar em discussão. E, ao contrário, só quem está pronto a pôr em discussão, a pensar autonomamente, encontrará a verdade. Para conhecer as correntes do rio, quem quer a verdade tem de entrar na água. - Nisargadatta Maharaj
As recentes calamidades, que nos têm tão duramente atingido nos últimos meses, deixaram, nas pessoas e na nossa sociedade em geral, compreensivas marcas de tristeza, raiva e desânimo, que vêm somar-se ao desconforto de nos sabermos fazendo parte de uma mudança radical em curso no plano tecnológico, antropológico e geo-estratégico, de contornos indefinidos, com consequências imprevisíveis e, aparentemente, fora da nossa capacidade de agir no imediato.
Refiro-me às perdas em vidas humanas, animais e bens materiais irrecuperáveis, devido ao fogo que, durante todo o verão, lavrou em boa parte do território nacional. Tão pouco podemos esquecer que a própria natureza sai ferida por causa destas calamidades: espécies animais e vegetais dizimadas, paisagens que ficarão enegrecidas por muito tempo, antes que a sua regeneração possa acontecer, fumos que se espalharam e contaminaram o ar e a água, espaços habitacionais que ficaram em ruínas…
Lembro também a tragédia ocorrida na Madeira por queda de uma árvore de grande porte e as mortes ocorridas em pleno dia que amanhecera para ser de celebração e festa.
Mais recentemente fomos surpreendidos por um brutal atentado terrorista de grandes dimensões, perpetrado no País vizinho e ficamos a saber que actos de violência análogos estavam em preparação para serem levados a cabo em distintos locais.
Às vítimas deixo uma palavra de solidariedade e compaixão, que brota da minha convicção profunda de que nós, os humanos, somos seres de relação e cada pessoa é, na sua singularidade, parte indissociável de um Nós (os outros humanos, as demais criaturas, o cosmos).
A quantos se empenharam em prestar socorro e minimizar os estragos dirijo o meu reconhecimento e louvor. A sua generosidade e empenho em bem servir a comunidade merecem ser lembrados e enaltecidos como testemunho de vida dada ao serviço da Vida.
E agora? (...)

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