Diaconia no feminino

Vários órgãos da comunicação social deram justo relevo à notícia de que o Papa Francisco tomara a iniciativa, no passado dia 2 de Agosto, de criar uma comissão para o estudo do acesso das mulheres ao diaconado permanente.

Esta iniciativa papal constitui um primeiro passo para dar seguimento à promessa feita por ocasião do encerramento de um encontro com membros da União de Superiores Gerais dos Institutos Religiosos, ocorrido em Maio último. Então, Francisco sublinhou que a presença das mulheres na Igreja toca na questão do diaconado permanente e afirmou que considerava útil a constituição de uma comissão para o estudo desta questão.

Cabe lembrar que o Concílio Vaticano II (1962-65) restaurou o acesso ao diaconado permanente, mas reservou-o apenas aos homens.

O Papa Francisco quer que seja melhor reconhecido o lugar das mulheres na Igreja e que seja alargada a sua presença nos vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais.

Como refere na Exortação pastoral A Alegria do Evangelho:

As reivindicações dos legítimos direitos das mulheres, a partir da firme convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignidade, colocam à Igreja questões profundas que a desafiam e não se podem iludir superficialmente.
 

Saúdo esta decisão e remeto para um artigo intitulado Diaconia no feminino que escrevi para a revista Communio (nº 2, Abril 2001) o qual foi republicado no livro Utopia Cristã e Aventura Humana (Multinova 2002). O artigo concluía com estas palavras:

Trata-se, a meu ver, de um debate importante cujas consequências se adivinham pelo menos em dois campos: o da afirmação e tradução prática do princípio da igualdade de género; o da complementaridade e enriquecimento que resultam para a Igreja como um todo (e, indirectamente, também para a sociedade humana) de ver as mulheres e os homens a partilharem por inteiro a sua responsabilidade de baptizados na construção do Reino de Deus.