05 janeiro 2014

É a pequenina esperança que leva pela mão as duas irmãs mais velhas

Angelus Novus - Paul Klee.1920
Entramos em 2014 com o espectro de uma crise que persiste e se agrava. Uma crise com múltiplas manifestações e rostos, mas a que é possível dar o mesmo nome: crise de empobrecimento, individual para uma larga maioria da população, tanto rural como urbana, patrimonial, (ENVA, laboratórios de investigação de ponta com sérias ameaças de ruturas, degradação da escola pública, entre muitos outros exemplos), perda de qualidade no funcionamento de serviços básicos, incluindo os que deveriam ser de proximidade e agora distam largas dezenas de quilómetros das populações que era suposto servirem… São estes os múltiplos rostos da crise, a par da acumulação de fortunas nas mãos de alguns grupos privilegiados (advogados, por exemplo), de transferência injusta de riqueza nacional para os credores e de uma corrupção larvar que se passeia pelos corredores do poder político.

(...)

O Messias nasceu, o Verbo de Deus habitou entre nós. Temos a promessa feita aos seus discípulos na Ascensão: Eis que ficarei convosco até ao fim dos tempos. Ele é o Emanuel, o Deus connosco. Mas temos de ir ao seu encontro, talvez em lugares inóspitos, talvez atravessando vielas estreitas, certamente quando menos suspeitamos qual seja o caminho do prometido encontro.

Por isso os tempos que seguem exigem silêncio, distanciamento dos ruídos próprios de uma urbe em desalinho.

Por isso estes tempos requerem maior discernimento comunitário (nas famílias, como nos locais de trabalho, nas comunidades cívicas e eclesiais…). 

A luz vem da pequenina esperança que, sendo a mais nova e frágil, é a que leva pela mão as duas irmãs mais velhas: a robusta fé e a todo-poderosa caridade. (Charles Péguy)
 

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