A santidade é-nos dada, todos os dias, como possibilidade.
Sophia de Melo Breyner
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Neste tempo e lugar em que habitamos, a busca da santidade no quotidiano da vida pessoal bem como no espaço público merece particular atenção e empenho.
Mother Holding Her Two Boys - Julie Nicholls |
O mundo desbussolado, que conhecemos, precisa de pessoas e de comunidades capazes de apontar alternativas a uma cultura que está manchada pelo egoísmo e pela ganância, precisa de superar uma mundividência que gera frustração, desigualdade, injustiça e, a prazo, só pode gerundiar sociedades permanentemente ameaçadas pelo caos e pela barbárie, onde o próprio ser humano corre o risco de se deixar asfixiar e, ele próprio, perder o norte.
Só o caminho da santidade, que é o caminho do Amor, poderá conduzir à felicidade, pessoal e colectiva, à realização pessoal e ao bem comum e, concomitantemente, promover o indispensável reforço do progresso material e espiritual, da coesão social e da paz.
A santidade é como um vitral de múltiplas cores, ainda que mantenha um conjunto de cores básicas, como a verdade, a humildade, a compaixão, o respeito do outro, o amor ao próximo.
Nos nossos dias e tendo em conta os desafios críticos que conhecemos, a santidade deve incluir, além das virtudes básicas, duas dimensões essenciais: a empatia e o cuidado.
A empatia, nos seus dois sentidos que se completam: uma identificação emocional com o eu do outro e uma compreensão mútua. Precisamos, urgentemente, de valorizar e pôr em prática um sentido empático para com o outro, conhecer e saber acolher as suas necessidades, sonhos e aspirações como se nossas fossem. Precisamos de sermos capazes de nos colocarmos do seu lado, compreendendo as suas frustrações e os seus justos desejos. A empatia leva-nos ao gosto do outro com o que tal comporta de um desejo verdadeiro e operativo do seu bem, da sua realização e felicidade. Isto tanto na relação pessoal, como na vida das organizações, na empresa como nos serviços públicos, na escola como nos centros de saúde, nos partidos políticos como na governação.
Sobre o cuidado bastará recordar que este é hoje considerado uma atitude básica que todo o ser humano deve desenvolver, já que aparece inequivocamente associado à própria sobrevivência da Humanidade. Assim sendo, tem de fazer parte da busca e da prática da santidade vivida no quotidiano.
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Quero agradecer a Manuela Silva a oportunidade de meditação e oração que este texto me deu.
ResponderEliminarTambém quero salientar dois aspectos que me chamaram especialmente a atenção.
Primeiro,neste texto nunca aparece a palavra "pecado", a qual muitas vezes, na Igreja,encerra a santidade num quadro de renúncia e afastamento; segundo, não limita a santidade à esfera pessoal e ao círculo próximo e chama-a a concretizar-se na actuação no espaço público "...onde se estabelecem as leis...,onde se alicerçam os fundamentos das instituições...,onde, enfim, se buscam soluções de viver melhor". Confesso que nunca tinha feito claramente esta relação santidade - espaço público.