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A história da salvação começa com um chamamento pessoal, não com um chamamento a um grupo ou a uma comunidade.
O co-envolvimento responsável da pessoa singular é fundamental na história da salvação. Deus precisa disso.
O povo formar-se-á a seguir e será Deus a formá-lo. Será assim também para a igreja, em que primeiro foi chamado cada um dos discípulos e só depois da ressurreição de Jesus se deu a descida do Espírito sobre a comunidade.
• contigo próprio… expressão geralmente não traduzida na Bíblia, quer sublinhar a responsabilidade da pessoa, que deve entrar no jogo. Abraão está só diante da escolha de obedecer ou não a Deus bem como diante das provas que encontrará no seu caminho. (veja-se Is 51,2). É a solidão interior própria de cada chamamento.
• da tua terra, dos teus parentes, da casa do teu pai… a mudança que é pedida é uma mudança radical, um ir além, uma saída de, um largar (Sl 45,11). Veja-se no Novo Testamento: Mt 4, 19-20 e 22; 19,27 e 29; Mc 1,18 e 20; 10,28; Lc 5,11; 18,28.
• para a terra que eu te indicarei. Deus exige de Abraão uma total confiança nele. Abraão deve partir sem saber onde Deus o levará. Abraão não tem nenhum sinal no qual apoiar a sua própria fé; crê naquilo que não vê (Heb 11, 8-9). O acto de fé de Abraão é o protótipo de cada acto de autêntica fé. Abraão é o pai de todos os crentes.
A palavra indicarei está no futuro. Abraão viverá na expectativa das promessas que a pouco e pouco Deus lhe fará.
Por isso, o tempo de Abraão, como para todos os crentes, é o futuro.
As terras, que o Senhor indicará, serão na realidade a terra de Canaan. Esta será a promessa feita a Abraão de uma posse perene (Gn 17,8). É a terra para a qual o autor do Génesis, do século IV a.C., quer levar os hebreus da Babilónia a voltar, imitando a fé de Abraão.
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