01 março 2013

Só o acto que a desfaz nos livra da violência

O que nos livra da violência? O acto que a desfaz.
Isto é o acto que destrói o Muro. Porque o Muro não cessa de se reconstruir, e o acto de o desfazer tem de ser sempre renovado.
Maurice Bellet, in Je ne suis pas venu apporter la paix…

A violência atravessa a história da humanidade e deixa marcas irrefutáveis na vida dos povos; marcas de destruição, mas também, em muitos casos, brechas que abriram caminhos de mudança positiva. A violência tem esta ambiguidade: de morte e destruição e de nascimento e vida nova.
Exploding Flower. © B. Bookworm/Corbis

Nos nossos dias, assistimos a um recrudescimento da violência sob múltiplas manifestações. (...)

É neste quadro de realidade que continua a ecoar a palavra de Jesus narrada nos Evangelhos: Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra em herança. (Mt 5,4)
(...)

A mansidão que Jesus nos propõe como caminho de felicidade vai a par com a humildade e com a paciência – a sabedoria de combinar a urgência de vencer o mal com o sentido do tempo propício para derrubar as suas raízes.

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1 comentário:

  1. Quando nos confrontamos com estas várias manifestações de violências aqui descritas, costumamos dizer, alguma coisa vai mal no coração dos homens e das mulheres do nosso tempo. Creio também, que a violência de sistemas políticos e de algumas estruturas são formas silenciosas que mais tarde ou mais cedo provocam guerras abertas com suas manifestações físicas.

    Ao ler este texto que contrapõe a atitude da mansidão e da humildade à violência sou tentada a fazer alusão ao filme do Lincoln.

    Impressionou-me a atitude tenaz mas humilde deste Presidente que não tendo a certeza de todas as consequências do que podia acontecer com o abolir da escravatura persiste no seu caminho de procura, vivida numa grande solidão, escutando de forma paciente as razões de uns e de outros e avança baseado apenas, na sua convicção crescente: todo os humanos são iguais perante a lei e todos têm direito à liberdade.
    Utilizou todas as estratégias de diálogo, sabia que a solução tinha de passar pela decisão do povo e só com ela, a guerra sangrenta que estava a acontecer entre estados do Sul e do Norte podia terminar.
    Luisa França


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