24 janeiro 2013
Da Separação à Alegria da Comunhão
No termo de mais uma semana de oração das igrejas cristãs pela unidade, vem a propósito recordar este poema de Carlos Falcão:
A separação
As palavras já vão longe, mas eu levo o caminho.
“Eis o que não se entende”, diz aquele que observa
Do lado mais parado. Se paro não entendo.
Mas não há separação, as palavras abrem campos
Para o mesmo avanço, batem-nos, assaltam-nos
E, quando lá chegam, aí é onde eu estou.
Não estou, elas vão longe, detêm-me o caminho
São as batedoras em respiração. E isso não se entende.
Aquele que observa dá voltas noutro braço, lê
E não persegue, vê, não irradia, tem um saber parado
Quero ser claro: tu és o separado e o poema sabe
Cavar o teu lugar, retirar-te ao dom, banir-te da magia.
Escrito, certamente, em contexto diferente para o qual o convoco, o poema escolhido fica a iluminar os dois pólos que importa combinar para ultrapassar a separação: a palavra que se adianta e ilumina o caminho, a oração comum que atrai a dádiva da comunhão e cava o lugar da alegria.
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